Como será o banco do futuro? Quais são as tendências que vão nortear um novo momento de evolução do setor financeiro nos próximos anos?
Questionamentos como esses foram respondidos durante o terceiro e último dia do FEBRABAN TECH 2025 em boa parte das palestras da trilha de conteúdo. Dois grandes destaques permearam o período: a divulgação das informações do segundo volume da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, feito em parceria da associação com a Deloitte, e uma ampla discussão sobre a materialização do Beyond Banking, conceito que está redefinindo o papel das instituições bancárias e expandindo os serviços financeiros para além do que é tradicionalmente oferecido.
Os principais números apresentados pelo levantamento da Febraban, quando o assunto são as transações bancárias, apontam que o setor bancário obteve um ano recorde, somando R$ 208 bilhões em movimentações financeiras, alta de 8% na comparação anual. Em relação aos canais, o mobile banking ganhou um bom terreno no período, somando R$ 155 bilhões – 75% do volume total. Se avaliado esse número no prazo de cinco anos, o salto foi de 195%. Os especialistas foram enfáticos em destacar o papel do Pix – meio de pagamentos mais utilizado pelos brasileiros – como um importante estimulador dessa evolução.
Segundo Sergio Biagini, sócio-líder para a indústria de Financial Services da Deloitte, dados como esses demonstram que os usuários se sentem mais seguros ao realizar transações financeiras pelo smartphone ou tablet. “Hoje elas aumentam numa proporção maior do que as não financeiras no ambiente mobile. Isso mostra a confiança dos clientes nas instituições financeiras”. De acordo com a pesquisa, o consumidor realizou, em média, 55 transações mensais nesse ambiente, ante 43 registradas em 2023. “Cerca de 98 milhões de consumidores são ‘heavy users’ do mobile banking e resolvem 80% de sua vida financeira por esse canal”, destaca.
Biagini destacou algo curioso: apesar da escolha do smartphone ou tablet para fazer pagamentos ou checar saldos e extratos – dois comportamentos que apontaram alta em 2024 – na hora de resolver questões ligadas aos investimentos, o internet banking contabilizou maior procura. Esse canal, inclusive, segue na preferência de quase 80% das empresas.
Marketplace e Open Finance em alta
Outra forte tendência evidenciada pela pesquisa da Febraban foi o aumento do número de bancos que possuem plataforma de marketplace – saiu de 42% em 2023 para 58% no ano seguinte. “Essa estratégia ajuda a entender melhor o comportamento do cliente”, reforça Biagini. Entre as principais estratégias adotadas por essas instituições para alavancar essa modalidade estão cashbacks (91%), descontos (82%) e programas de fidelidade (64%). Já em relação aos produtos financeiros integrados nessas plataformas, o cartão de crédito segue com maior predominância (82%), seguido por pagamentos (45%).
O Open Finance, assim como discutido durante os três dias do evento, também apresentou avanços importantes no ano, de acordo com o estudo. Entre os principais números relevantes estão o volume de usuários que aderiram ao ecossistema, somando 23,2 milhões, alta de 19%. Em relação aos consentimentos, o porcentual de elevação foi maior, de 28%, contabilizando 46,8 milhões de autorizações de compartilhamento de dados pessoais.
Entre as principais barreiras ainda enfrentadas pelo Open Finance, a pesquisa destacou a falta de entendimento sobre o que é o ecossistema, seguida pela falta de casos de uso atrativos ao cliente e incertezas em relação ao compartilhamento de dados pessoais.
Para Rodrigo Mulinari, diretor de Tecnologia do Banco do Brasil, a próxima onda revolucionária que o setor financeiro vivenciará está ligada à consolidação do mobile banking. “O mobile banking seguirá sendo o principal canal para o cliente fazer suas movimentações financeiras. A facilidade que ele oferece, assim como as inovações que estão sendo acrescentadas com a inovação, vão colocá-lo de vez na prioridade”.
Como será o banco do futuro?
Segundo uma pesquisa feita pelo MIT Sloan Management Review Brasil, aspectos como hábitos digitais pressionam adicionalmente as empresas rumo ao crescimento, promovendo a chamada “transformação digital afetiva”, termo que tem forte relação com o cenário que os especialistas traçam para tentar criar o “banco do futuro”. Ou seja, o cliente no centro, vivendo uma jornada de experiência impecável.
A opinião dos congressistas que participaram das discussões sobre o tema foram unânimes em afirmar que o banco do futuro será “invisível”, sem limite de fronteira ou horário. Rodrigo Carneiro, diretor e vice-presidente do banco ABC Brasil, usa um exemplo de outro mercado que ilustra bem o pensamento deles. “Podemos dizer que o banco será como a presença da Bosch em um carro. O consumidor anda com ele, mas não sabe que a empresa está lá. Sem as peças dela, o veículo não anda. O mesmo vai acontecer com as instituições financeiras na jornada do cliente”.
Além de invisível, o banco vai oferecer uma jornada simples, sem fricções, e transformar as experiências com compliance. Leandro Coelho, diretor da Vivo Fintech, complementa que a instituição financeira do futuro terá “múltiplos bancos” voltados para cada momento do cliente. “O cliente é polígamo na relação com os bancos. Hoje tem, em média, seis contas abertas para fazer suas movimentações. Ele vai escolher aquele que atenda a sua necessidade específica”.
Avanço do Beyond Banking vai impulsionar essa evolução
Durante o FEBRABAN TECH 2025, o Beyond Banking recebeu a atenção dos organizadores e do público interessado em entender mais sobre essa tendência, que, segundo especialistas, já está se tornando realidade no universo dos bancos.
Durante algumas palestras sobre o tema, foi possível notar a atenção dos bancos direcionada para esse tema, com a criação de áreas específicas para tratar o assunto, como acontece no Itaú Unibanco. Segundo Aline Vanni, superintendente de Beyond Banking, o mapeamento de algumas necessidades dos clientes geraram alguns movimentos importantes nesse sentido. “O Itaú é um dos maiores vendedores de iPhone do país. Por que não negociar com os sellers para oferecer melhores condições de financiamento para os clientes do banco? Isso ajuda a atender as necessidades do cliente, que tem acesso a melhores ofertas”, exemplifica.
No Beyond Banking, os produtos financeiros precisam resolver os problemas reais do cliente, na visão de Gustavo Cintra, diretor do BTG Pactual. “Hoje os bancos precisam ser muito mais do que bancos. Têm que entender quais são as necessidades do cliente e oferecer soluções que agregam valor a ele. Isso aumenta a principalidade, ajudando inclusive a alavancar estratégias para clientes que não são do banco”.
Carneiro, do ABC Brasil, acredita que o Beyond Banking será um importante estimulador da quebra de barreiras entre as diferentes indústrias no futuro. “Com isso, as soluções serão mais completas e adequadas às necessidades do cliente, não importa onde ele se encontre”. Nesse sentido, a importância da criação de parcerias nunca foi tão relevante. “Os bancos terão o desafio de escolher parceiros que garantam a integralidade da oferta, fazendo com que a jornada seja respeitada”.
Ao estabelecer um ecossistema de parceiros, o banco pode perder um pouco o controle de qualidade – essa uma das principais preocupações. “Por isso a importância de reforçar o cuidado na escolha deles, para garantir uma experiência impecável de ponta a ponta, com a qualidade garantida”, reforça Michele Vita, diretor do Itaú Unibanco.
O Beyond Banking é o começo da reconfiguração do papel dos bancos na sociedade, com o alcance de níveis muito superiores de hiperpersonalização. Talvez em breve já estaremos diante de um “Banking as a Journey”.
Celcoin no FEBRABAN TECH 2025
Referência em infraestrutura de tecnologia financeira e, comprovadamente, a parceira ideal para quem quer explorar esse universo digital dos bancos, a Celcoin marcou presença no FEBRABAN TECH 2025, apresentando suas soluções para o mercado regulado.
Ao longo dos três dias, o estande recebeu um enorme volume de visitas, incluindo clientes e interessados em saber um pouco mais sobre as novas soluções da Celcoin, como os produtos Core Banking e Core Credit, além de outras funcionalidades, como o Pix Indireto, Open Finance regulado e Gestão de Ativos e Cobrança.
Se você não esteve no evento e quer saber um pouco mais sobre esses lançamentos, fale com um especialista!